Fragata "Liberal" integra Força Tarefa Marítima da ONU no oeste asiático.
Mais de 250 militares estão na missão. Navio ficará em Natal até quarta (13)


da Marinha do Brasil (Foto: Cleber Ribeiro)
Outra forma de manter a serenidade dos militares foi com a ajuda da tecnologia. De acordo com o comandante da Fragata, um grande aparato tecnológico foi instalado no navio para que a tripulação pudesse se comunicar com os familiares. “Sabemos que essa missão tinha um clima diferente, porque existia a possibilidade real de entrarmos em conflito com outras tropas. Por conta disso, foi solicitado um esquema de antenas via satélite, para que a nossa tripulação tenha acesso à internet e possa conversar com sua família. Isso motiva o grupo e faz com que o trabalho fique menos estressante”, conta.
Segundo o capitão Canela, a passagem por Natal também serve como um “período de arejamento” para os militares, pois muitos estão há tempos longe de casa e em determinado momento tem o seu rendimento profissional diminuído. “Além da questão logística, nossa passagem por Natal é importante, por questões logísticas para o reabastecimento da embarcação e serve também para que a nossa tripulação possa sair um pouco do navio para manter a estabilidade emocional, já que ficamos muito tempo nesse ambiente de área de conflito. Muitos dos nossos homens são da região Nordeste do Brasil e as famílias acabam se programando para se encontrar e matar a saudade”, explica.
Percurso paradisíaco
A fragata Liberal embarcou para a missão o extremo oeste asiático no dia 10 de abril de 2012, para iniciar a “Operação Líbano II”. Durante o percurso, fizeram duas paradas para reabastecimento, sendo a primeira no Porto Las Palmas, nas Ilhas Canárias, e a segunda na Base de Taranto, na Itália. A chegada ao Líbano foi um mês após o embarque, com a responsabilidade de ser a primeira força de paz a serviço da ONU naquela região.
Durante o período em que permaneceu em operação, a fragata Liberal recebeu visitas protocolares e de membros da ONU para verificar o desenvolvimento da ação. Em território asiático, os militares brasileiros foram responsáveis por um “período de adestramento” com a tropa libanesa, que dispunha de pouco contingente e tecnologia. O comandante da embarcação explica que o treinamento é simples, mas que exigiu dos militares brasileiros uma motivação especial para auxiliar a Marinha do Líbano. “Ao chegarmos no Líbano, fomos convocados para um adestramento com os militares libaneses. Eles não possuem tanta tecnologia como a nossa Marinha, tão pouco um número equivalente a nossa tropa. Mas sobrou disposição e vontade de aprender as instruções. Isso motivou ainda mais os nossos homens, que puderam passar um pouco da experiência militar”, destacou o capitão de fragata Canela.
Existia a possibilidade real de entrarmos em conflito com outras tropas"
Capitão de Fragata Canela, Comandante da Fragata Liberal
Ao passar pela Itália, a fragata Liberal atracou no Porto de Civitavecchia, na cidade de Roma, onde participaram de uma audiência com o Papa Bento XVI e representantes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). De lá, a embarcação passou pela região de Tenerife, maior ilha do arquipélago das Canárias, que pertence à Espanha. Em Natal, a Fragata e sua tripulação ficarão atracadas até a próxima quarta-feira (13), onde seguem viajem para o Rio de Janeiro.
Estrutura moderna

Sua tripulação é composta por 29 oficiais e 250 praças, dividida em quatro departamentos – armamento, operações, máquinas e intendência. Para a “Operação Líbano II”, um grupo do Destacamento de Mergulhadores de Combate, formado por nove militares, foi designado para ficar de prontidão, caso houvesse qualquer conflito. Outro grupo, formado por 19 fuzileiros navais, fez o suporte para a segurança da embarcação durante toda o período em operação.

Força Tarefa Marítima (Foto: Jocaff Souza/G1)
O navio possui quatro motores e duas turbinas, que utilizados em força máxima, atingem uma velocidade de até 31 nós, o que representa em média 60 quilômetros.
“Filho da terra”
Uma experiência inesquecível. É assim que muitos militares relatam sobre as ações e os serviços praticados ao longo desses dez meses fora do país. Para um deles, a emoção da volta é ainda mais especial, já que é nascido aqui em Natal. O sargento Marcos Santos é especialista em operação de sonar e trabalha numa das áreas mais críticas da embarcação, o centro de operações de combate.
Natalense de nascimento, Marcos fala da emoção de reencontrar a família e da responsabilidade de honrar a sua atividade. “A felicidade é muito grande, principalmente por estar em Natal, já que sou filho da terra, como costumamos falar. Quando estamos em ação e dizemos que somos brasileiros, a recepção é diferenciada. Isso mostra a responsabilidade que temos com a nossa pátria e com o nosso serviço”, conta.

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