Com apoio do governo e da base aliada,
PMDB agora tem o comando do Congresso; assim como Renan, eleito
presidente do Senado na sexta, deputado também foi alvo de denúncias
Parlamentar mais antigo da Câmara, o deputado Henrique Eduardo Alves
(PMDB-RN) foi eleito nesta segunda-feira presidente da Casa para um
mandato de dois anos. Ele obteve 271 votos e sucede o petista Marco Maia
(RS) no cargo. A eleição de Alves, que teve o apoio do Planalto e dos
partidos da base aliada, coloca o Congresso sob o comando do PMDB. Na
sexta-feira, o Senado elegeu o peemedebista Renan Calheiros (AL), que
volta à presidência cinco anos após renúncia. O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) obteve 165 votos; Rose de Freitas (PMDB-ES), 47 votos; e Chico Alencar (PSOL-RJ), 11 votos.
Uma das primeiras tarefas de Alves será
apaziguar os ânimos após o racha no PMDB com a escolha do líder do
partido no último domingo. Aliados de Eduardo Cunha (RJ), que saiu
vitorioso, e do derrotado Sandro Mabel (GO) admitiram a disputa interna.
Assim como Renan, Alves também foi alvo de suspeitas. A empresa de um
de seus assessores foi beneficiada por emendas parlamentares do próprio
Alves. O assessor pediu demissão do cargo
.
Em seu discurso no plenário da Câmara, Alves
atribuiu ao "fogo amigo" as denúncias que surgiram contra ele no último
mês. Nesta segunda-feira, os deputados encontraram em seus gabinetes uma
publicação com cópias de reportagens de supostas irregularidades
cometidas por Alves no exercício do mandato.
Ele classificou a publicação apócrifa de
"pequena", "mesquinha" e de um "comportamento sem cara, sem rosto,
clandestino e subterrâneo". Disse ainda que "as labaredas" desse fogo
amigo não resistem às "chuvas de verão".
Leia também: Procurador-geral denuncia Júlio Delgado ao STF por crime eleitoral O deputado afirmou que no último mês quiseram construir
um novo Henrique com a publicação das reportagens. "No mês eleitoral,
quiseram rediscutir o Henrique, quiseram refazer o Henrique, construir
um outro Henrique", disse. Afirmou, no entanto, que essas denúncias não
chamuscam o alicerce que ele construiu em sua vida e defendeu a
liberdade de imprensa. O deputado fez um discurso para o público interno, em
defesa do Parlamento. Ele foi aplaudido ao prometer criar uma comissão
para analisar propostas sobre o chamado orçamento impositivo para as
emendas parlamentares, uma antiga reivindicação dos deputados, que
contraria os interesses do governo federal. Com o orçamento impositivo, a
presidente Dilma Rousseff não poderá mais segurar a liberação de
dinheiro do Orçamento quando se tratar das emendas individuais
parlamentares aprovadas na lei orçamentária. Para os demais cargos da Mesa Diretora, foram eleitos
todos os indicados pelos partidos ou blocos parlamentares: Andre Vargas
(PT-PR), 1ª vice-presidência; Fábio Faria (PSD-RN) , 2ª
vice-presidência; Marcio Bittar (PSDB-AC), 1ª secretaria; Simão Sessim
(PP-RJ), 2ª secretaria; Maurício Quintella Lessa (PR-AL), 3ª secretaria;
Biffi (PT-MS), 4ª Secretaria. Outros candidatos A adversária do mesmo partido de Alves que saiu
derrotada, a deputada Rose de Freitas (PMDB-ES) afirmou em seu discurso
que os parlamentares devem escolher hoje um presidente que não os
envergonhe perante a sociedade brasileira. “Os deputados não podem
escolher um presidente que coloque a Casa sub judice amanhã, sem que a
sociedade saiba o que vai acontecer com seu Parlamento”, disse em
discurso em plenário. “Não rasguem a Constituição (...). Não traiam o
povo brasileiro.” Entrevistas ao iG Rose de Freitas: ‘Mau uso do recurso público tem que ter consequências’ Júlio Delgado: 'Não sou o Severino Cavalcanti' Ela defendeu uma maior independência do Parlamento em
relação ao Executivo. Rose de Freitas acusou o Executivo de "não
respeitar o povo brasileiro", por meio dos seus representantes na
Câmara. Também cobrou a aprovação de um orçamento impositivo e ressaltou
que não quer uma Câmara que "dependa de pires, de favores". O deputado Júlio Delgado (PSB-MG), também derrotado, fez
um duro discurso em que rebateu todos os pontos do pronunciamento de
Alves. De improviso, Delgado disse que "chegou a hora da mudança", de
"vencer as práticas políticas que envergonham o Parlamento" e vencer a
politicagem na Casa Legislativa". Intitulando-se o primeiro a se lançar contra a
"candidatura única", o deputado do PSB lembrou que a ausência de disputa
não permite o debate, a essência do parlamento. Júlio Delgado criticou a
intenção do peemedebista de encontrar uma solução para os milhares de
vetos presidenciais que se acumulam na pauta. Segundo o socialista, essa
é uma pauta do Congresso e não da Câmara dos Deputados. "Está se
atribuindo à Câmara uma pauta que é do Congresso Nacional", ponderou. O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) em sua fala disse
esperar os votos de “todos os deputados que estão cansados de um
Parlamento que só cuida do pequeno e esquece o interesse geral”. Segundo
ele, a Câmara tem priorizado a votação de propostas de interesse
pessoal em detrimento dos projetos que beneficiam a população. Chico Alencar afirmou que o Legislativo não poderá
fiscalizar com isenção o Executivo se Câmara e Senado elegerem
presidentes do PMDB, aliado do governo. Discurso de despedida Em seu discurso de despedida do comando da Câmara, o
deputado Marco Maia (PT), defendeu a importância Poder Legislativo para o
País. “Não há teórico que não reconheça que, por meio da deliberação
coletiva de propostas, é possível aprovar mudanças que têm impacto na
melhoria do cotidiano da população”, disse. Segundo ele, o Parlamento é a
maior expressão da vontade popular. Com Agência Estado e Agência Câmara